Memorial acadêmico para Professor Titular

MEMORIAL apresentado para avaliação do Processo de Progressão Funcional para classe de Professor Titular da Carreira do Magistério Superior no âmbito da Universidade Federal do Maranhão, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Departamento de Patologia, conforme RESOLUÇÃO Nº 204-CONSAD, 03 de outubro de 2017.

São Luís-MA, 2022.

Assista à defesa do Memorial

Agradecimentos

À minha mãe, Rocilda Gomes Freitas, pelo amor incondicional e pelos anos em que sustentou sozinha nossa família, trabalhando diuturnamente como funcionária pública e costureira, serviços muito mal remunerados.

Ao meu pai, José Ribamar Carvalho Branco (28/01/1937 – 05/12/2013), pelos ensinamentos, embora muitas vezes por caminhos tortos.

A meus irmãos, José Ribamar Carvalho Branco Filho, Kátia Gomes Freitas e Maria do Socorro Freitas Carvalho Branco, pela eterna solidariedade, especialmente nos momentos mais difíceis de nossas vidas. A meus filhos, Gabriel Carvalho Branco Ribeiro e Maíra Carvalho Branco Ribeiro, pelos incontáveis ensinamentos e pela solidariedade. A Maria José Pires Araújo por ter cuidado muito bem dos meus filhos.

Ao amigo, Padre Raffaello Gasperoni (29/09/1933 – 05/01/2002), por ter existido na minha vida.

Ao amigo, professor emérito da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), médico infectologista e eterno mestre, Antônio Rafael da Silva, pelos ensinamentos e pela companhia sempre agradável nesses 40 anos de convivência, compartilhados com ternura, carinho, bom humor e solidariedade.

Aos amigos, médicos infectologistas, Conceição de Maria Pedrozo e Silva de Azevedo e Wellington da Silva Mendes (23/01/1961 – 30/08/2009), contemporâneos no curso de Medicina na UFMA, na Residência Médica, em São Paulo, e como professores na UFMA, pela convivência fraterna.

À amiga, médica e professora, Sterlene Pinheiro Sampaio, colega de turma de medicina, pelos momentos agradáveis de estudo na sua casa e pelas incontáveis caronas para as aulas no Campus do Bacanga.

Ao amigo, professor da UFMA, médico ginecologista e obstetra, Palmério de Brito Pacheco, colega de turma de medicina, por ter ido pessoalmente no meu consultório na Clínica CEDITI me avisar do concurso para professor de doenças infecciosas e parasitárias do Departamento de Patologia da UFMA.

Às amigas, colegas de turma no Colégio Santa Teresa, em São Luís – MA, e no curso de Medicina, Maria do Carmo Tajra Correia e Nair Nelma Rocha Campos Silva, pela longa convivência agradável e fraterna.

Ao amigo, conterrâneo, colega de turma do Jardim de Infância até a quarta série do primeiro grau (atual ensino fundamental) em Pedreiras, Maranhão, e durante os seis anos do curso de Medicina, inclusive no internato no Hospital da Lagoa no Rio de Janeiro, Francisco de Assis Salomão Monteiro, pela longa convivência alegre e fraterna.

Aos amigos, colegas de turma e contemporâneos do Colégio Santa Teresa e do curso de Medicina, pela convivência afetuosa e fraterna.

Ao amigo, professor da UFMA, médico pediatra e epidemiologista, Antônio Augusto Moura da Silva, contemporâneo no Colégio Santa Teresa e no curso de Medicina, pelos livros que me emprestou durante o curso de Medicina e pelos ensinamentos no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC) – UFMA.

À amiga, médica infectologista, Maria Luiza Mendonça Rodrigues, pelos livros de medicina que me deu.

À amiga, médica pediatra, professora da UFMA, Marizélia Rodrigues Costa Ribeiro, contemporânea no Colégio Santa Teresa e no curso de Medicina, pela ajuda no período do curso de doutorado, estudando comigo, ajudando nas análises estatísticas e pela presença na qualificação de minha tese de doutorado em São Paulo.

Às amigas Maria Elza Lima Sousa e Maria do Socorro da Silva, enfermeiras sanitaristas, e Maria Nilza Lima Medeiros, médica pediatra e sanitarista, pela presença na defesa de minha tese de doutorado em São Paulo.

À amiga, professora e estatística, vascaína apaixonadíssima, Alcione Miranda dos Santos, pelos conhecimentos compartilhados no PPGSC – UFMA e nos grupos de pesquisa que participamos juntas.

Aos funcionários e professores do Departamento de Patologia – UFMA, do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PPGSA) – UFMA e do PPGSC – UFMA, pelo acolhimento e pelas experiências compartilhadas com carinho e amizade.

Aos amigos, médicos e ex-alunos, Francisco Lúcio Carneiro Lima, Geraulina Mendonça Castro e Nívea Santos Simões e às amigas médicas Maria Zali Borges Sousa San Lucas, Rosângela Margareth Leal Calado e Wildete Carvalho Mayrink, pela solidariedade e compartilhamento das histórias alegres e dos momentos de constrangimento que já passamos, contados nas rodadas de vinhos e cervejas, que não teríamos coragem de contar nem para os nossos psicólogos.

Ao amigo, jornalista, José Reinaldo Castro Martins, contemporâneo do movimento estudantil na UFMA, pela solidariedade e tolerância.

A todos os amigos e familiares, inclusive aqueles que já retornaram à Casa do Pai, pela solidariedade e pelos ensinamentos.

Ao meu professor de francês, Jean-Christophe Goux, pela paciência frente às minhas enormes dificuldades, sem nunca ter desistido de mim, e pela alegria demonstrada com os meus progressos nessa língua tão apaixonante quanto complexa.

A todos meus professores desde o Jardim de Infância até o doutorado, aos professores de inglês e francês, assim como a todos os professores que tenho convivido ao longo da minha carreira pelos ensinamentos e pelo altruísmo.

A todos que já me trataram ou que me tratam atualmente, em especial aos médicos Fábio Gomes Teixeira, Geraulina Mendonça Castro, Palmério de Brito Pacheco, Raquel Moraes da Rocha Nogueira, Rossana Santiago de Sousa Azulay e Wildete Carvalho Mayrink; e à fisioterapeuta, Nathalia Moreira de Oliveira.

Aos psicólogos Alfredo Barbetta (30/05/1963 – 30/09/2021) e Eliza Miranda Rocha pelo meu acompanhamento nos últimos dois anos. A José Reinaldo Castro Martins, Maíra Carvalho Branco Ribeiro, Maria do Amparo Gomes Barros, Maria do Socorro Freitas Carvalho Branco e Rocilda Gomes Freitas pelos acréscimos/correção de informações e revisão deste texto.

A todos os parentes e amigos que contribuíram com informações sobre datas, cronologia dos fatos, nomes e contatos das pessoas aqui mencionadas.

A Jéssica Diniz Costa Nunes pela formatação desse memorial.

Apresentação

Comecei a escrever esse memorial no dia 5 de dezembro de 2021, data em que se completavam oito anos do falecimento de meu pai, José Ribamar Carvalho Branco (28/01/1937 – 05/12/2013).

Lamentavelmente, em 24 de fevereiro de 2022, enquanto eu escrevia esse memorial as tropas russas invadiram a Ucrânia. Mais uma crise humanitária a se somar sobre tantas outras desse século.

Escrever um memorial não constitui apenas uma formalidade para a progressão na carreira universitária. Oferece várias oportunidades para relembrarmos o que vivemos, as pessoas marcantes em nossas vidas, passando pela dor da lembrança daqueles que voltaram para a Casa do Pai.

Representa um momento para pensarmos na finitude da carreira, já que se trata de alcançar o último nível de progressão, especialmente quando já se cumpriu os critérios para aposentadoria.

Não tem como não se refletir sobre a finitude da vida, principalmente quando os 60 anos de idade se aproximam. Embora não queiramos pensar no nosso fim, ele é inevitável. Resta aceitá-lo, não deixando de torcer para que ele esteja sempre muito distante. Como repetia o nosso inesquecível, amado e corajoso Padre Raffaello Gasperoni (29/09/1933 – 05/01/2002) nos seus últimos dias de vida: – “Estamos chegando ao fim! É necessário estar preparado!”

Nesse movimento de desenterrar as memórias aproveito para tentar, mais uma vez, me perdoar pelas minhas escolhas equivocadas, pelas omissões, pelas ações postergadas e pelas ausências no cotidiano dos meus filhos, na família, nas alegrias e nas tristezas dos meus amigos e entes queridos, embora eu me esforçasse muito para estar presente. A vida segue mais leve quando nos convencemos que fizemos o que foi possível, dentro das condições materiais, emocionais e de maturidade que tínhamos.

Aproveito para tentar perdoar aqueles que me prejudicaram com seus atos ou omissões. Afinal, muito pode ser justificado pelo contexto histórico e social de uma sociedade patriarcal.

Ainda bem que somos capazes de lembrar dos momentos felizes e alegres. A carreira de docente nos dá oportunidade de estar sempre próximos aos jovens. É como se estivéssemos sempre em contato com a nossa própria juventude, sem envelhecermos nunca. Observar os alunos é como se estivéssemos nos olhando no espelho eternamente jovens.

Outra recompensa da docência é o constante desafio que vai nos tornando, cada vez mais, espertos, atualizados, tentando acompanhar as grandes e rápidas transformações que vem acontecendo no mundo nas últimas décadas.

Adicionalmente, temos a reconfortante certeza de que ao contribuirmos na formação de nossos alunos, desempenhamos um papel importante na sociedade, embora nem sempre reconhecido.

Enquanto escrevia esse memorial, disse a uma amiga, Vânia Mendonça Rodrigues, que eu estava gostando muito de escrevê-lo, que eu gostava do meu texto, da forma objetiva que eu escrevo e que eu me sentia a versão feminina de Josué Montello! Ela não me levou a sério.

Escrevi esse memorial tentando descrever minha trajetória pessoal e profissional de forma que quem me conhece ao lê-lo possa dizer “Essa é a Maria dos Remédios que eu conheço” e/ou “Essa parte da vida da Remédios eu não conhecia”. Embora esse seja um momento de celebrar uma conquista, o caminho foi árduo, com muitas renúncias. Precisei, além do esforço, de entusiasmo para chegar até aqui.

A progressão da carreira de docente termina aqui, mas, felizmente, a vida não! Fica posto então o desafio: sonhar. Aprender a nadar? Escrever um livro? Fazer um curso de imersão na França?

São Luís, 16 de maio de 2022.

Formação Acadêmica

Fiz o curso de Medicina na UFMA de 1981 a 1985 em São Luís, Maranhão. Naquele período ainda não existia o Sistema Único de Saúde (SUS) – criado pela Constituição Federal de 1988. O hospital de ensino da UFMA era o Hospital Tarquínio Lopes Filho, conhecido como Hospital Geral – instituição pública da Secretaria de Saúde do Estado do Maranhão. O Hospital Presidente Dutra (HPD) do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência (INAMPS) oferecia atendimento aos trabalhadores que tinham direito ao INAMPS.

Havia concurso para estágio extracurricular de estudantes de Medicina nas emergências (clínica, pediátrica e cirúrgica) do HPD e na Maternidade Marly Sarney, hospital público da Secretaria de Saúde do Estado do Maranhão. Fiz esse estágio durante o ano de 1985.

Na época, os hospitais do INAMPS do Rio de Janeiro ofereciam um concurso para que alunos do último ano do curso de Medicina fizessem o internato naqueles hospitais. Eu passei nesse processo seletivo, tendo sido classificada para o Hospital da Lagoa. Fiz, então, o internato lá em 1986.

Residência Médica

De 1987 a 1989, fiz o curso de especialização, Residência Médica em Infectologia, no Hospital Emílio Ribas (HER), atualmente denominado Instituto Emílio Ribas, instituição pública da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.

Na época, o HER era um hospital de isolamento. Todos os pacientes, inclusive crianças e bebês, ficavam internados em isolamento, sem direito a acompanhante, independente do diagnóstico – meningite, difteria, malária ou AIDS, por exemplo. No momento da visita dos familiares, as portas das enfermarias ficavam trancadas. Os pais só podiam olhar os filhos por um vidro na porta.

Foi um período de intenso aprendizado como descrevo neste memorial no capítulo Pandemia de AIDS.

Mestrado em Saúde e Ambiente

Fiz mestrado no Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PPGSA) – primeiro mestrado do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da UFMA.

Fui da primeira turma do PPGSA – 1996-1998, juntamente com Aurim Rezende Ribeiro, Conceição de Maria Pedrozo e Silva de Azevedo, Denise Fernandes Coutinho Moraes, Flávia Maria Mendonça do Amaral, Liberata Campos Coimbra, Márcia Maria Hiluy Nicolau de Oliveira, Maria Teresa Seabra Soares de Britto e Alves, Maria Theresa Oliveira de Santana, Marizélia Rodrigues Costa Ribeiro, Raimunda Nonata Leão Lopes Nobre, Vânia Maria de Farias Aragão e Wellington da Silva Mendes (23/01/1961 – 30/08/2009).

Entre os treze alunos dessa turma, onze já eram professores da UFMA. Destes, dez fizeram doutorado e passaram a contribuir com o PPGSA e/ou com outros programas de pós-graduação da UFMA.

Embora o PPGSA não tenha conseguido ultrapassar o conceito 3 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), é um programa com forte inserção social em comunidades de baixa renda na periferia de São Luís e em municípios da Ilha de São Luís e do interior do estado.

Conta em sua estrutura com o Núcleo de Extensão e Pesquisa com Populações e Comunidades Rurais, Negras, Quilombolas e Indígenas (NURUNI) e com o Grupo de Pesquisa em Saúde e Ambiente do Maranhão (GPSAMA).

Quando fiz o mestrado já tinha bastante experiência em pesquisa, iniciada ainda na graduação. Adicionalmente, adquiri bastante conhecimento em outras áreas como social e ambiental.

Depois de concluir o mestrado e mesmo antes de fazer doutorado, eu já contribuía com o PPGSA, ajudando na orientação de alunos e ministrando aulas. Fui do quadro de professores colaboradores com orientação de alunos no programa de 2013 a 2019. Ministrei a disciplina de Epidemiologia de 2011 a 2020.

Doutorado em Medicina Tropical

Fui da primeira turma (2008-2012) do curso de doutorado em Medicina Tropical do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (IMTSP) da Universidade São Paulo (USP), com área de concentração em Doenças Tropicais e Saúde Internacional.

Tive o privilégio de ser orientada pelo médico infectologista Dr. Claudio Sergio Pannuti, uma pessoa singular, muito bem preparada e humana. Durante a pesquisa da tese tivemos a ajuda fundamental de Dr. Expedito José de Albuquerque Luna, epidemiologista brasileiro renomado, professor do IMTSP/USP. Durante o doutorado, além das disciplinas do IMTSP/USP, cursei disciplinas no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC) – UFMA, adquirindo conhecimentos importantes tanto para o desenvolvimento da tese quanto para a minha carreira de pesquisadora.

As origens do meu nome e dos sobrenomes da família

Recentemente descobri que os sobrenomes que tenho não são exatamente os originais biológicos da família.

Meu avô materno, Raimundo Freitas (04/06/1889 – 27/12/1943), órfão ainda criança, foi batizado possivelmente em Campos Sales, Ceará, onde nasceu, mas provavelmente nunca teve registro civil de nascimento. Segundo relato de minha mãe, na idade adulta, adotou o sobrenome Freitas da família que o criou, já que era conhecido como Raimundo do Freitas.

Com ajuda de Frei Carlito do Nascimento Silva da Paróquia de São Francisco de Assis, em São Luís, capital do estado de Maranhão, Brasil, conseguimos resgatar a certidão do seu terceiro matrimônio na Igreja Católica, em 14 de julho de 1930, em que consta que ele foi batizado no Ceará. Curiosamente, na filiação está escrito o nome de sua primeira esposa. Na certidão do casamento civil, em 31 de maio de 1930, consta: “O nubente: Raimundo Freitas, cearense, com 40 anos de idade, profissão: negociante, filho de José Alves Beserra – falecido em 1899 e Maria Alves do Nascimento – falecida em 1901”. No registro civil do óbito de Raimundo Freitas consta essa mesma filiação. Conforme a narrativa de minha mãe, trata-se de casamento consanguíneo de primos na família Alves.

Meu tio avô paterno, José de Sousa Carvalho Branco (18/09/1896? – 08/03/1976), Zeca Branco, neto de portugueses, deputado estadual da 1ª legislatura (1947-1951) no Maranhão, incomodado pela presença de um colega seminarista homônimo, José de Sousa Carvalho, o que levava a confusão com as correspondências no seminário, no Ceará, sugeriu que a família acrescentasse o sobrenome Branco, segundo relato de minha tia Marluce Carvalho Branco. Uma parte da família Carvalho aderiu à ideia, inclusive meu avô, Antônio de Sousa Carvalho Branco (04/02/1907 – 10/03/1986). Existe no Maranhão outra família Carvalho Branco, também oriunda de Portugal.

Meu nome é uma homenagem do meu pai, José Ribamar Carvalho Branco (28/01/1937 – 05/12/2013), à minha avó Maria dos Remédios Ribeiro Carvalho Branco (15/12/1909 – 12/04/2008), negra, órfã ainda criança. Muito inteligente, teve uma vida tão longa quanto sofrida. Segundo relato de minha mãe, quando eu nasci, meu pai não querendo admitir a frustração de ter a segunda filha mulher e ainda não ter nenhum filho homem, disse que estava satisfeito e que iria colocar em mim o nome da minha avó.

A infância em Pedreiras, Maranhão, Brasil

Tudo estava programado para eu nascer em Paris, França, mas houve um problema no Sistema de Posicionamento Global (GPS) da minha cegonha e ela me entregou em Pedreiras, cidade localizada no interior do Maranhão, onde também nasceram meus irmãos: Maria do Socorro Freitas Carvalho Branco, José Ribamar Carvalho Branco Filho, Maria Lúcia Gomes Freitas (11/03/1965 – 17/09/1965) e Kátia Gomes Freitas. A morte da nossa irmã, a Neném, foi um trauma imensurável na nossa família. Embora nós, irmãos, fôssemos ainda muito pequenos.

Em Pedreiras, na Rua do Cantinho, ao lado de nossa casa morava o casal de dentistas, muito amigo da nossa família: o ludovicense Joaquim Jefferson de Almeida Alves, que trabalhava na Fundação Serviços de Saúde Pública (FSESP), e a pernambucana Helena Maria Pereira Alves, professora do Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária (CRUTAC) da UFMA. E em frente, o nosso amado pedreirense Francisco Soares da Silva (03/12/1933 – 05/05/1977), o Fogo, preto, motorista da Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (SUCAM), e sua família. Ele era muito, muito próximo da nossa família e tinha um carinho especial por mim. Sua morte natural, prematura e repentina, causou comoção na cidade.

Minha irmã, Maria do Socorro Freitas Carvalho Branco, aos 7 anos de idade, imediatamente após aprender a ler, alfabetizou duas mulheres adultas, pretas, muito amigas de nossa família: Inácia e Maria da Piedade Xavier (02/10/1928 – 20/08/1996), a Maroca, que depois foi estudar no Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral).

Esses poucos anos de estudo fizeram com que a Maroca, muito inteligente e batalhadora, conseguisse mobilidade social ascendente. Além de ter passado a ajudar frequentemente várias amigas a resolveram problemas burocráticos nas repartições públicas em São Luís.

Em Pedreiras, estudei nas escolas públicas: Jardim de Infância Branca de Neves e no Colégio Bandeirantes até a quarta série do primeiro grau (hoje denominado ensino fundamental). Sempre fui muito estudiosa. Seguramente era uma forma de me defender da dureza da infância e adolescência.

Além de ser muito ligada emocionalmente aos meus irmãos, gostava muito dos meus primos, especialmente do Edilson Fernandes Carvalho Branco Sobrinho, que tem a mesma idade que eu.

Na segunda série do primeiro grau (hoje denominado ensino fundamental), o Edilson veio estudar em São Luís, no Colégio Conceição de Maria. Lembro dele se preocupar, porque eu estava estudando em um colégio mais fraco em Pedreiras. Então, nas férias da segunda série, ele resolveu me ensinar o conteúdo de matemática que eu ainda não tinha visto: multiplicação e/ou divisão.

Hoje acho difícil acreditar que uma criança de oito anos de idade tenha esse tipo de preocupação e de atitude. Nós já nascemos velhos. A partir daí, adquiri o hábito de, durante as férias, estudar e fazer os exercícios do conteúdo de matemática que não tinha sido dado em cada série.

Lembro que, a partir dos sete anos de idade, a mamãe não precisava me lembrar de fazer meus deveres do colégio nem corrigi-los. Eu fazia sozinha.

O Edilson e eu estávamos sempre juntos. Nas férias, ele fazia aula de reforço e eu o acompanhava. As aulas eram com Marlene de Castro Caldeira, graduada em Filosofia, na época namorada e, hoje, viúva de José de Ribamar Chaves Caldeira (21/07/1940 – 23/07/2003), sociólogo renomado, professor do Departamento de Sociologia e Antropologia da UFMA e membro da Academia Maranhense de Letras. Casal com laços muito estreitos com nossa família. Os pais dele moravam em frente à casa de meus avós paternos em Pedreiras.

Minha ligação com o Edilson era tão forte que eu lembro que eu tinha certeza que ele gostava mais de mim do que da mãe dele, sem, obviamente, nunca ter feito essa pergunta a ele. A ilusão de uma criança não tem limites.

Embora já morássemos em São Luís, estávamos em Pedreiras, na ocasião do assassinato do nosso primo Sérgio Fernández Carvalho Branco (19/02/1960 – 24/07/1980). A partir daquela data, nenhum de nós, crianças, adolescentes ou adultos, parentes ou amigos, fomos mais os mesmos.

Durante os anos seguintes ainda fui passar férias, em Pedreiras, com meus avós paternos – Maria dos Remédios Ribeiro Carvalho Branco (15/12/1909 – 12/04/2008) e Antônio de Sousa Carvalho Branco (04/02/1907 – 10/03/1986); minha avó materna, Rocilda Gomes Freitas (31/01/1908 – 13/03/1993), e seu segundo esposo, Antônio Freitas Barros (22/06/1923 – 11/08/2006). Entretanto, para mim a cidade se transformou na imagem dessa tragédia.

Na ocasião do assassinato do Sérgio, lembro de ter pensado que eu nunca mais deveria gostar de alguém nessa intensidade, porque a perda de uma pessoa é uma dor imensurável. Pensei: “Preciso então me afastar do Edilson. Se fosse ele que tivesse morrido, eu não suportaria essa dor”.

No desenrolar dos anos, o Edilson e eu passamos a conviver menos. Ele passou no vestibular em Belém, Pará, e eu em São Luís. Depois de graduados, cada um de nós começou a trabalhar, casou-se, teve filhos e foi tocando a vida de adulto. Mas não perdemos nossas afinidades. Penso que os laços adquiridos na infância são muito fortes.

Os tempos do colégio Santa Teresa em São luís, Maranhão, Brasil, e o início da docência

Em fevereiro de 1974, nós nos mudamos de Pedreiras para São Luís. No Colégio Santa Teresa – escola particular, católica, exclusiva para meninas, fundada em 1894 pelas irmãs doroteias – estudei durante sete anos, da quinta série do primeiro grau (hoje denominado ensino fundamental) em 1974 até o fim do segundo grau profissionalizante (atualmente chamado de ensino médio) em 1980.

Nesse colégio renomado àquela ocasião, durante vários anos ganhei o prêmio Aluna Padrão por ter as melhores notas da escola.

Já naquela época comecei a manifestar meu gosto pelo ensino. Por iniciativa própria, estudando pela manhã, à tarde retornava para o colégio para dar aulas de reforço para minhas colegas de turma que estavam com dificuldades. Há alguns anos encontrei uma dessas amigas que me disse: “Remédios, tu não tens ideia de como aquela tua ajuda foi importante para nós”. Confesso que eu já havia esquecido desse fato.

Outro momento pitoresco foi quando numa tarde eu estava no colégio e uma freira pediu para eu tomar conta de uma turma. Detalhe: eu tinha 13 anos, cursava a sétima série e fui tomar conta de uma turma da quarta série com alunas de 9 a 10 anos de idade. Lembro que consegui controlar a turma e achei muito interessante que todas as alunas ao se despedirem de mim, me beijaram. Talvez fosse o prenúncio da era em que as crianças passaram a chamar as professoras de tia.

O colégio me influenciou do ponto de vista humano, ético, religioso, artístico e social. Embora eu seja uma católica pouco praticante, reconheço a influência do catolicismo na minha formação.

Do ponto de vista social, no final da década de 1970, participei de uma experiência, organizada pelo colégio, de passar alguns dias vivendo com uma família de lavradores em Santa Luzia do Paruá. Talvez essa tenha sido a experiência mais marcante da minha vida, porque, embora eu fosse uma adolescente de baixa renda, eu morava na área urbana. Nessa imersão, eu tinha que viver exatamente como aquela família de lavradores vivia.

Comia somente o que eles comiam. Acredito que a empatia que desenvolvemos em relação aos outros, especialmente, aos mais pobres, depende da capacidade que temos de enxergá-los como eles são e vivem.

Ainda no colégio me influenciaram, especialmente, pelos seus exemplos de vida, o Padre Marcos Passerini e o Frei Antônio Maria Sinibaldi (26/11/1937 – 07/09/1987). Atualmente há uma campanha para beatificação de Frei Antônio tanto por conta de sua vida quanto pelas circunstâncias de sua morte, após salvar 17 jovens do afogamento. O corpo de Frei Antônio está enterrado na Igreja de São Francisco de Assis, em São Luís.

No ensino médio, participei do grupo de teatro do colégio juntamente com outros alunos: Antônio Augusto Moura da Silva, Cláudia Thereza Parada Marques Pires de Saboia, Patrícia Maia Correia de Albuquerque, Paulo Roberto Moreira Lopes, Sérgio Luís Araújo Brenha, Sheila Maria Reis Ribeiro, Suzana Marques, Tácito de Jesus Lopes Garros e Maria Tereza Raposo Nascimento.

Estávamos convictos que éramos artistas talentosos. Até o diretor de teatro, Tácito Freire Borralho, um dos maiores teatrólogos do Maranhão da segunda metade do século XX e professor da UFMA, foi assistir à estreia da nossa peça “Nada será como antes”, dirigida por Ronan Carmo Costa. Pena que ele a criticou negativamente.

Mesmo assim, não desistimos, continuamos a apresentá-la no Colégio Santa Teresa e no Colégio Maristas, em São Luís; e ainda, em Belém, Pará e em Fortaleza, Ceará. Depois, parte do grupo encenou a peça “Acredito no homem e no poema”, com direção de Ronan Carmo Costa.

Alguns desses artistas seguiram a carreira de docente na UFMA: Antônio Augusto Moura da Silva, Patrícia Maia Correia de Albuquerque e Sérgio Luís Araújo Brenha.

Além dos artistas já citados, eu era muito próxima de Ana Margarida Melo Nunes, Maria Cláudia Baima Ferreira, Maria do Carmo Tajra Correia e Nair Nelma Rocha Campos Silva.

Enfim, felizmente, tenho lembranças muito boas e bons amigos dos tempos do colégio.

Logo após iniciar o curso de Medicina na UFMA, em 1981, comecei a lecionar a disciplina de Biologia, à noite, no Colégio Santa Teresa. Era uma ação social da escola – um curso de primeiro grau para adultos de baixa renda. Passei a ensinar Biologia no período matutino, em 1982, ano em que foi instalado o primeiro curso superior de Biologia no Maranhão, na UFMA. Assim, antes de termos os nossos biólogos licenciados, quem lecionava Biologia eram os médicos ou os estudantes de medicina.

Quase esqueci de contar que fui campeã de xadrez. Joguei na equipe do Colégio Santa Teresa nos Jogos Estudantis Maranhenses (JEMs).

A escolha da carreira de médica infectologista e professora

Em 2019, meu professor de francês, Jean-Christophe Goux, pediu que nós fizéssemos uma redação sobre uma pessoa importante na nossa vida. Quase todos os alunos escreveram sobre a mãe. Eu resolvi falar sobre o professor emérito da UFMA, Antônio Rafael da Silva, que também à época estudava na Belle École. Jean ficou muito feliz com a minha homenagem a um professor.

Comecei a acompanhar o professor Rafael no segundo período do curso de Medicina. Na primeira oportunidade que tive de falar com ele, logo pedi para acompanhá-lo. Já o conhecia e admirava sua trajetória de ativista de esquerda, com histórico de enfrentamento à ditadura civil militar (1964-1985) desde quando ainda era estudante de Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Passei a participar de seus projetos de extensão na localidade de Inhaúma, na Raposa (povoado de pescadores e de mulheres rendeiras, localizado na Ilha de São Luís, emancipado à categoria de município em 1994) e na Colonização Agrícola de Buriticupu, também emancipada a município em 1994 e do qual o professor Rafael nunca se afastou, mesmo após a sua aposentadoria compulsória por idade em 2010.

Enquanto trabalhava com o professor Rafael, fui conhecendo outros alunos do curso de Medicina e fazendo grandes amizades: Conceição de Maria Pedrozo e Silva de Azevedo, Eloísa da Graça do Rosário Gonçalves, Wellington da Silva Mendes (23/01/1961-30/08/2009) e Zeni Carvalho Lamy. Todos se tornaram professores da UFMA.

Ainda durante o curso de Medicina conheci o Padre Raffaello Gasperoni (29/09/1933 – 05/01/2002), italiano, missionário comboniano, que trabalhou durante muitos anos no Maranhão. Ele e eu fomos os sócios fundadores do Centro de Saúde Dom Oscar Romero, primeira unidade de saúde do Bairro da Vila Embratel em São Luís – MA (CNPJ 07.513.567/0001-00, aberto em 10/09/1984).

Padre Rafael hoje é nome de uma rua na Vila Embratel. Ele era um ser adorável, bem-humorado, simpático, acolhedor, solidário e humanista, entre tantos outros adjetivos que nós, que o amamos e fomos amados por ele, poderíamos lhe dar.

Na família do meu pai, José Ribamar Carvalho Branco (28/01/1937 – 05/12/2013), há vários médicos. Quando eu nasci, meu pai começou a fazer o curso de contador (equivalente ao atual ensino médio). Passou no primeiro vestibular para o curso de Medicina na UFMA e se formou quando eu tinha 9 anos de idade.

Dois médicos, primos do meu pai, pelos seus exemplos de vida me influenciaram muito para a minha escolha da profissão de médica: os irmãos ludovicenses de nascimento e pedreirenses de corpo e alma, Josélio Fernandes Carvalho Branco (21/04/1928 – 30/05/2006) e Kleber Fernandes Carvalho Branco (19/02/1931 – 14/10/2008).

Josélio, meu padrinho de batismo – a pedido dele segundo relato de minha mãe, foi prefeito de Pedreiras (1966-1969), secretário de Estado da Saúde do Maranhão (1971-1975), deputado estadual na nona legislatura (1979-1983) e superintendente da Superintendência de Campanhas de Saúde Pública – SUCAM (1985-1990). Kleber, professor do Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária (CRUTAC) da UFMA, também foi prefeito de Pedreiras (1973-1976) e deputado estadual na décima primeira (1987-1991) e na décima segunda (1991-1995) legislaturas.

Outra influência marcante foi a de Manuel Carvalho Branco Neto (28/02/1934 – 02/04/2006), irmão do meu pai, negro, médico ginecologista e obstetra, radicado em Brasília desde 1966 até a sua morte. Entre os colegas de turma de Medicina do meu pai, Luiz Alves Ferreira (16/10/1944 – 17/03/2020), o Luizão, era um amigo muito especial, que frequentava nossa casa em Pedreiras quando estudante. Meu colega no Departamento de Patologia da UFMA, quando se encontrava comigo, se divertia ao dizer que tinha me carregado no colo. Membro fundador do Centro de Cultura Negra (CCN), teve seu papel merecidamente reconhecido por sua militância no movimento negro e em defesa dos direitos humanos, em várias homenagens póstumas. Em 2021, uma escola da rede estadual pública, localizada no Bairro da Liberdade (área de São Luís reconhecida como quilombo urbano) recebeu seu nome: Centro de Ensino Professor Luizão.

Para a opção pela carreira médica, acredito que a existência de vários médicos na família me influenciou. Por outro lado, eu gostava muito de matemática – disciplina em que eu só tirava nota máxima. Entretanto, os cursos da área tecnológica não me atraíam. Desejava exercer uma profissão em que minha principal atuação fosse em contato direto com as pessoas.

Na escolha da especialidade médica, para além da influência do professor Rafael, pesou o fato de eu me identificar na política com a esquerda, especialmente se considerarmos que a infectologia tem muitas afinidades com a saúde pública. Além disso, eu gosto da clínica de doenças infecciosas.

Para eu seguir a carreira docente, reconheço ainda a influência da minha turma de Medicina. Seis colegas de turma também são professores da UFMA: Aldifran Ferreira da Silva, José de Ribamar Rodrigues Calixto, Leonardo Carvalho Silva, Mara Silvia Pinheiro Cutrim, Palmério de Brito Pacheco e Romero Henrique Carvalho Bertrand.

A militância no movimento estudantil

Iniciei a minha militância estudantil secundarista a partir da Greve da Meia Passagem, em setembro de 1979. Movimento vitorioso, apesar da forte repressão do governador biônico João Castelo Ribeiro Gonçalves (19/10/1937 – 11/12/2016). Eu estava entre os estudantes e trabalhadores que ocuparam a Câmara de Vereadores de São Luís, desocupada pela Polícia Militar do Maranhão, com muita violência, tendo um dos manifestantes, Francisco de Jesus, sofrido fratura exposta de um dos braços devido a espancamento por um policial.

Em 1980, cursei o último ano do ensino de segundo grau profissionalizante. Eu fui uma das lideranças do movimento estudantil secundarista que começava a se reorganizar. Participei, também, da Pastoral da Juventude da Igreja Católica.

Nesse período tive influência da minha tia, Maria do Amparo Gomes Barros (http://lattes.cnpq.br/5475947212036302), carinhosamente chamada pelos sobrinhos de Dadainha. Professora aposentada da UFMA, militante histórica, pioneira do movimento das assistentes sociais no Maranhão, no final da década de 1970 e início da década de 1980.

Em 1981, comecei o curso de Medicina na UFMA. Cheguei a ser presidente do Diretório Acadêmico (DA) Livre do curso de Medicina. Participei, também, da Pastoral Universitária da Igreja Católica.

Nos tempos da ditadura civil militar (1964-1985) no país, a Igreja Católica ofereceu importante espaço para a organização da resistência. Nesse período participei de um partido clandestino, o Movimento pela Emancipação do Proletariado – MEP, e me filiei ao Partido dos Trabalhadores – PT.

Em 1983, como eu havia sido presidente do DA Livre de Medicina, o curso com a maior quantidade de alunos da UFMA, se eu me candidatasse a presidente do Diretório Central do Estudantes – DCE da UFMA, a chapa teria mais chances de ser eleita, já que a chapa concorrente era encabeçada por Geraldo Medeiros, estudante de Medicina, e apoiada pela diretoria do DCE, presidida por Heloísa Pacheco Ferreira (31/10/1959 – 07/01/2017), estudante de Medicina, e ligada ao Partido Comunista Brasileiro – PCB.

Entretanto, o grupo Guarnicê, ligado ao PT, uma das várias tendências políticas atuantes, na época, dentro do movimento estudantil, não me escolheu. Eu não participei da composição da chapa, apenas da campanha. O PCB venceu as eleições.

Analisando esse fato, agora, quase 40 anos depois, concluo que ele demonstra que, na política, outros interesses podem se sobrepor, inclusive, às maiores chances de vencer uma eleição; além de escancarar as dificuldades das mulheres para serem indicadas a posições de comando, mais evidente ainda quando se olha a foto da chapa, composta por 11 homens e duas mulheres. Se hoje as mulheres ainda são excluídas de postos de liderança, mesmo quando são maioria, imagine há 40 anos atrás quando nem se discutia essa questão.

Foto Chapa Guarnicê DCE UFMA, 1983. Arquivo pessoal de Carmen Sílvia Ribeiro Damous.

Vários militantes estudantis daquela época se tornaram professores da UFMA: Adelaide Ferreira Coutinho, Arleth Santos Borges, Cândido Augusto Medeiros Junior (23/09/1961 – 06/12/2008), Flávio Antônio Moura Reis, Francisco Gonçalves da Conceição, Ilse Gomes Silva, José Reinaldo Castro Martins (http://lattes.cnpq.br/7738648517850098), José Ribamar Ferreira Júnior, Rosilda Silva Dias e Silvana Martins de Araújo.

Em 1985, participei da campanha para prefeito de Luiz Vila Nova, candidato pelo PT, inclusive gravando participação no programa de televisão do partido. Essa foi a minha última participação como liderança estudantil e política.

A partir do sexto ano do curso de Medicina, durante o curso de Residência Médica e durante a minha vida profissional, continuei a participar dos movimentos, mas sem posição de comando. À medida que o tempo foi passando, cada vez mais eu fui ficando no papel de mera observadora dos acontecimentos.

Fui casada durante 22 anos com Paulo Roberto Rios Ribeiro, militante sindical histórico, uma das primeiras pessoas no país a levantar a bandeira contra o nepotismo, tendo sido militante da Central Única dos Trabalhadores – CUT e do PT, além de várias vezes candidato a cargos públicos eletivos pelo PT. Enquanto estava casada com ele, acompanhava o desenrolar da política local e, cada vez mais, me desencantava com a política e com a militância.

Em geral, eu voto na esquerda ou em branco, mas não faço campanha, a não ser em caso extremo como no segundo turno da campanha para Presidência da República, em 2018, com a disputa entre Fernando Haddad (PT) e Bolsonaro (PSL).

Embora o PT estivesse mergulhado profundamente na corrupção, Bolsonaro é de extrema direita, ligado a grupos de milícias e com fortes evidências de envolvimento com corrupção, além de ser declaradamente homofóbico, misógino, a favor da pena de morte, da destruição do meio ambiente e do extermínio dos indígenas.

Especialmente a partir do início de 2003 fui acumulando decepções com os políticos e com os partidos. Hoje eles são adversários políticos. Amanhã estão na mesma chapa.

A esquerda, quando está no governo, tem ações melhores na área social e de direitos humanos, mas tem várias práticas condenáveis, semelhantes às da direita, como compra de votos, clientelismo, corrupção, apropriação/aparelhamento da máquina estatal, falta de transparência, omissão de dados de saúde e de segurança públicas, posturas anti-éticas, entre outras.

Adicionalmente, num país como o nosso, com toda essa desigualdade social, ainda teremos muitas décadas de votos comprados.

No nosso país o racismo, o preconceito contra os pobres, a corrupção e a pobreza são estruturais. Precisamos de políticas públicas e de Estado para nos livrarmos desses males.

Muito me entristece ver a esquerda no nosso país com o mesmo comportamento da direita no que se refere à democracia, demonstrando falta de apreço por ela. No plano internacional, a esquerda do nosso país se alinha a Daniel Ortega na Nicarágua, a Maduro na Venezuela, a Vladimir Putin na Rússia e aos governos cubano e chinês. Nós, que vivemos a ditadura civil militar (1964-1985) no país, sabemos o quanto a falta de liberdade de expressão é extremamente danosa à sociedade.

Hoje sou uma pessoa sem esperanças na nossa sociedade. O errado, assim como o corrupto, sempre é o outro. Mas ainda resta uma ilusão: a partir de 2020 passei a votar preferencialmente em mulheres pretas/negras e de esquerda.

Ações sociais durante o curso de medicina

Como já disse anteriormente, durante o curso de Medicina participei do Centro de Saúde Dom Oscar Romero. Por lá passaram vários estudantes de Medicina da UFMA, que depois se tornaram professores: Antônio Augusto Moura da Silva, Maria de Jesus Torres Pacheco e Marizélia Rodrigues Costa Ribeiro. E ainda nos primeiros anos do Centro, Aristides Bogea Bittencourt, Gracyran Lima de Azevedo Bittencourt, José Ribamar Carvalho Branco Filho, Paula Júlia Bastos Pedrosa e Wesley Silva Cutrim Campos. Além do trabalho voluntário do médico ginecologista e professor aposentado da UFMA, Benedito Clementino de Siqueira Moura (23/04/1909 – 26/08/2002), Dr. Moura, desde o início do Centro.

No início da década de 1980, participei como bolsista – estudante de Medicina do Programa de Ações Socioeducativas e Culturais para Populações Carentes do Meio Urbano – PRODASEC/URBANO pela Secretaria de Estado da Educação do Maranhão, no Bairro do Anjo da Guarda, na área do Itaqui-Bacanga, em São Luís, um espaço formado, em sua grande maioria, por pessoas de baixo poder aquisitivo. Além de eu ter tido a chance de compartilhar meus conhecimentos sobre saúde, essa experiência me forneceu intenso aprendizado político e social ao me oportunizar interagir com um grupo comunitário, muito politizado e bem-organizado. Entre os moradores daquela época, mantenho a amizade com Nataniel Silva Ferreira Máximo, o Natan, professor e livreiro.

Outra experiência marcante na minha vida pessoal e universitária foi a alfabetização de adultos no Bairro João de Deus, em São Luís. No início da década de 1980, sob a liderança do Padre Marcos Passerini, um grupo de estudantes participou da ocupação do Bairro João de Deus, por famílias com baixa renda e sem moradia, ajudando a construir as casas e, em seguida, trabalhando, à noite, na alfabetização de adultos pelo método Paulo Freire.

Participaram dessa experiência: Adelaide Ferreira Coutinho, Carmen Sílvia Ribeiro Damous, Carmen Sílvia Maria da Silva, Jandira, Paulo Roberto Moreira Lopes, Silvana Martins de Araújo e Suely Gonçalves da Conceição.

Cada um de nós, estudantes, ia uma vez por semana em dupla, à noite. Quase todos nós nos deslocávamos de ônibus. Descíamos em um ponto de ônibus, na Avenida Santos Dumont. A seguir, andávamos durante alguns minutos por uma rua não pavimentada e sem luz elétrica. Não tínhamos medo de sofrer nenhum tipo de violência nem na ida nem na volta, já tarde da noite. Esse trabalho era recompensado pela emoção indescritível de ver um adulto aprendendo a ler, além da felicidade deles e nossa.

Cerca de cinco anos depois de ter participado desse trabalho, estando de férias da Residência Médica, fui visitar na casa paroquial do bairro, o Padre Raffaello Gasperoni (29/09/1933 – 05/01/2002), que, assim como eu, estava de passagem por São Luís. Nesse dia eu me perdi. O bairro já estava totalmente diferente do início da ocupação. No ônibus, uma das minhas ex-alunas me reconheceu e me ensinou o caminho até a casa paroquial.

Pandemia de AIDS

Como já relatei anteriormente, fiz residência médica em infectologia no Hospital Emílio Ribas, da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, na cidade de São Paulo, de 1987 a 1989. A epidemia de AIDS no Brasil estava em plena ascensão, principalmente nos grandes centros urbanos. Atendíamos especialmente homens gays, jovens, com AIDS.

Não havia tratamento específico contra o HIV. Assim, tratando apenas as infecções oportunistas, assistíamos o triste desenrolar da história natural da doença, acompanhada de intenso sofrimento físico, emocional e moral daqueles jovens – conscientes de que iriam morrer em meses. Essa tragédia humana afetou profundamente os profissionais de saúde da nossa geração.

Lembro de, em uma ocasião, ter recebido a incumbência de entubar um jovem com insuficiência respiratória que havia acabado de ser internado na enfermaria. No momento da intubação, o paciente teve uma parada cardíaca. Obviamente, nessa situação, o protocolo era não tentar ressuscitar. Intempestivamente, subi no leito que era alto e comecei a fazer massagem cardíaca e a dar ordens para a equipe de enfermagem.

Acredito que a equipe, embora soubesse que não deveria me obedecer, percebendo o meu sofrimento, continuou seguindo minhas ordens até que um médico preceptor chegou e literalmente me tirou de cima do paciente.

Só naquele momento eu caí na irremediável realidade.

Terminamos a residência em infectologia, em São Paulo, e voltamos para São Luís, juntos, Conceição de Maria Pedrozo e Silva de Azevedo, Wellington da Silva Mendes (23/01/1961 – 30/08/2009) e eu, amigos e discípulos do professor emérito da UFMA, Antônio Rafael da Silva. Éramos os primeiros infectologistas maranhenses formados na era da AIDS. Começamos então a atender doentes com AIDS, dar aulas para profissionais de saúde e entrevistas para a imprensa sobre AIDS.

A terapia antirretroviral altamente potente com três medicamentos, disponível a partir de 1996, mudou a história natural da AIDS, conseguindo controlar o HIV, e, consequentemente, tornando a AIDS uma doença crônica. À medida que se aumentou o acesso ao diagnóstico e ao tratamento, as mortes foram diminuindo, passando a atingir, especialmente, populações pobres com baixa escolaridade e com dificuldades de acesso ao diagnóstico e de adesão ao tratamento.

Embora sejam bem conhecidas as vias de transmissão do HIV desde a sua identificação, a AIDS é uma doença ainda acompanhada de estigmas e de preconceitos. Os primeiros 15 anos da epidemia, antes da terapia antirretroviral altamente potente, foram os mais difíceis para os doentes. Além do risco iminente de morte, havia o imensurável preconceito.

Os exemplos são inúmeros. Muitas pessoas se recusavam a alugar imóveis para doentes com AIDS. Outras se negavam a alugar ou a comprar um imóvel, onde tivesse morrido uma pessoa com AIDS. Muitas não queriam nenhum contato social com outra pessoa com AIDS, como aperto de mãos.

Em São Luís, só havia um hospital público que internava doentes com AIDS. Os demais hospitais públicos e privados se negavam a atendê-los. No primeiro mandato da governadora Roseana Macieira Sarney Murad (1995-2002), a Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão (ALEMA) aprovou uma lei para obrigar o atendimento de doentes com AIDS em todos os hospitais do estado. O infectologista Wellington da Silva Mendes (23/01/1961 – 30/08/2009) foi à ALEMA explicar aos deputados a necessidade dessa lei.

Vigilância epidemiológica e investigação de surtos

Desde o começo da minha carreira, sempre trabalhei em colaboração com os técnicos da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão e do Município de São Luís. Inicialmente ajudando nos treinamentos sobre AIDS e infecção hospitalar, depois sobre meningite, dengue, leishmaniose visceral, tuberculose, hanseníase, entre outros.

A partir de 2007 passei a colaborar com o Ministério da Saúde, especialmente no Programa Nacional de Controle da Dengue, que, depois, incorporou a vigilância de Zika e Chikungunya.

A partir de 2006, me tornei a principal médica, de referência nacional, no manejo de beribéri. Naquele ano tinha participado da investigação de um surto de beribéri, coordenada pelo Ministério da Saúde, em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão e vários outros órgãos e instituições públicas.

No fim de maio daquele ano, eu estava em Imperatriz, município do sudoeste do Maranhão, como instrutora de um curso sobre infecção hospitalar, quando Sandra Maria Mendes Mesquita, técnica da Vigilância Epidemiológica do município de Davinópolis e da Regional de Saúde de Imperatriz, me pediu para ajudar na investigação de dois casos de uma doença desconhecida.

Um jovem havia morrido em abril e um adolescente estava grave, internado numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Imperatriz. Ambos moravam na mesma rua em Davinópolis, Maranhão. Sandra Mesquita pensou, então, que poderia se tratar de uma doença contagiosa.

Investiguei ambos os casos. Fiz um relatório e o encaminhei para o superintendente da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão, Dr. Henrique Jorge dos Santos, que imediatamente solicitou ajuda do Ministério da Saúde.

Estava, então, iniciada a investigação do surto de beribéri que ceifou a vida de 40 jovens no primeiro semestre de 2006 no Maranhão. Esse evento foi muito marcante pessoal e profissionalmente para mim, por conta do estresse emocional de participar da investigação de um surto de uma doença que não sabíamos qual era e que estava matando jovens de baixa renda.

Ficamos em campo durante duas semanas, sem conseguirmos descobrir que doença era aquela. O Ministério da Saúde levou à Imperatriz médicos e professores universitários de várias partes do país para avaliarem os pacientes. Nenhum deles levantou a hipótese de beribéri.

Até que, no dia 23 de junho de 2006, saiu uma matéria no Jornal Hoje da Rede Globo de Televisão sobre uma doença misteriosa que estava ocorrendo em Imperatriz. O médico infectologista, cearense, Rômulo César Sabóia Moura, assistiu à matéria. Ele lembrou que quando trabalhava no Amazonas, na década de 1980, havia visto uma doença misteriosa, em que os pacientes possuíam sintomas muito semelhantes aos descritos na reportagem. Segundo relato dele, no surto do Amazonas, ele fez o diagnóstico com a ajuda de sua sogra que disse: “Isso é uma doença muito antiga – beribéri”.

No mesmo dia da veiculação da reportagem, à noite, o Dr. Rômulo conseguiu entrar em contato por telefone com a gerente da Regional de Saúde de Imperatriz, Dra. Luiza Rocha Queiroga. No dia seguinte, pela manhã, parte da equipe de investigação voltou ao Socorrão – hospital de emergência, público, municipal da cidade -, onde os pacientes estavam internados. Na madrugada, havia sido internado na UTI um paciente muito grave. A equipe sugeriu o tratamento com tiamina (vitamina B1). A resposta ao tratamento foi dramática. O paciente melhorou em horas. O diagnóstico estava, então, confirmado: beribéri shoshin!

Em 2007, participei da investigação da morte por dengue de 22 crianças e de dois adultos em São Luís. Juntamente com a enfermeira Maria do Socorro da Silva e Raimundo Nonato Soares, agente de endemias, ambos da Secretaria Municipal de Saúde de São Luís, fiz 24 visitas domiciliares para investigação dos óbitos. Também participou dessa investigação Taliane Jardim Lima, minha orientanda de monografia de conclusão do curso de Medicina. Essa foi uma experiência muito marcante na minha vida pessoal e profissional. É muito doloroso ouvir o relato dos parentes sobre a morte de um familiar, especialmente, de crianças. A dengue é uma doença evitável. No caso dos óbitos, em geral, percebe-se falhas nos atendimentos aos pacientes.

Quando lembro das inúmeras dificuldades enfrentadas pela Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão para ajudar os municípios numa situação de surto, por exemplo, fico encantada com existência da Força Estadual de Saúde (FESMA) – criada em janeiro de 2015 pelo governador Flávio Dino, integrando o Plano Mais IDH com abrangência nos 30 municípios mais pobres do Maranhão. Naquele ano foi realizado um projeto piloto denominado de equipe de referência tático sanitária que atuou em seis municípios. No ano seguinte, a FESMA começou a atuar nos 30 municípios com os menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) no Maranhão. A partir de 2019, passou a atuar também nos dois municípios mais populosos do estado: São Luís e Imperatriz.

Pandemia de Covid-19

Considerando a importância de informações de confiança numa pandemia e a necessidade da democratização e da popularização do conhecimento, em 23 de março de 2020, publiquei um site (https://mariadosremedios.com.br/) com minhas entrevistas sobre COVID-19 em canais de TV e de rádio, vídeos e outras informações que pudessem ser úteis às pessoas.

O alcance de audiência dos canais locais de TV e, especialmente, do rádio, é muito importante na região Amazônica devido às dificuldades de acesso à internet e à TV.

Adicionalmente, disponibilizei um canal no YouTube, um perfil no Instagram e um e-mail para esclarecer dúvidas. Passei a colocar os links para as lides que participava nas redes sociais. Quando era convidada para participar de um evento online ao vivo, disparava o convite para meus contatos no WhatsApp, cerca de 1250 pessoas.

A iniciativa foi muito bem aceita e avaliada, inclusive premiada em 2020 e novamente em 2021, como descrito, a seguir, no capítulo Homenagens e prêmios.

Ao longo de dois anos dessa experiência, percebe-se que eu passei a ser a principal referência local como médica infectologista, respeitada e de confiança da população. Tratando de temas em discussão, como por exemplo, a suspensão da vacinação contra COVID-19 de adolescentes; e analisando e explicando artigos científicos, publicados em revistas especializadas, que sejam de interesse da população em geral. A maioria desses textos, além do conteúdo e linguagem técnicos, são publicados em inglês.

É possível contribuir para a democratização do conhecimento no país, informando a população geral de maneira objetiva, didática e regular. Este esforço é essencial para refletirmos sobre as lições dessa pandemia e para termos subsídios para a prevenção e o enfrentamento de outras pandemias no futuro.

Descrição do trabalho

Na segunda quinzena de março de 2020, a COVID-19 chegava ao Brasil e, com ela, aprofundava-se o esforço midiático e de educação em saúde para informar a população sobre o vírus, suas características e como se prevenir. Por ser um vírus novo, um outro desafio também se apresentava: comunicar de maneira objetiva e acessível a produção de conhecimento científico e os avanços em pesquisa, identificando pessoas confiáveis e quais as informações disponíveis.

Por minha atuação como médica infectologista, pesquisadora e professora universitária da UFMA, eu me posicionei como potencial autoridade naquele momento. Fui chamada para dezenas de entrevistas por diversas emissoras de televisão e rádio do estado do Maranhão, além de ser abordada por muitas pessoas com dúvidas e inseguranças que se repetiam.

Sabendo que a pandemia da COVID-19 precisava não somente de políticas públicas, mas também do esforço coordenado e informado da população para enfrentá-la – respeitando o distanciamento social, evitando aglomerações, usando corretamente máscaras e higienizando as mãos, dentre outras iniciativas –, num cenário de desinformação generalizada e de fake news, o desafio de fornecer informações de qualidade, embasadas cientificamente, estava posto.

Conjuntamente com minha filha, Maíra Carvalho Branco Ribeiro, comunicadora digital e desenvolvedora de sites, percebi que era necessário um esforço de compilação, indexação e organização do que comunicava. Assim, poderia disponibilizar um material de referência para o público, respondendo dúvidas comuns, pautando questões relevantes para pessoas em situação de vulnerabilidade social, e explicando conceitos científicos de maneira simples e fácil de entender. Tivemos também a ajuda voluntária de Eduardo Arake, videomaker, a quem sou muito grata.

Surgia, assim, o site mariadosremedios.com.br/coronavirus, um hub de informações atualizado com frequência com entrevistas em áudio e vídeo, divulgação de iniciativas de pesquisa e educação em saúde, e protocolos médicos que pudessem servir de referência.

Com um sistema de busca indexado, que permite que as pessoas encontrem, diretamente, o conteúdo que lhes interessa, foram publicados 120 artigos em 2020, numa produção de conteúdo própria e indexação de entrevistas concedidas a diversos meios de comunicação.

Dos principais canais televisivos no estado a rádios populares com expressiva penetração no interior e em comunidades indígenas, as entrevistas indexadas no site atingiram centenas de milhares de pessoas ao longo de 2020.

Todos os aspectos do conteúdo – dos títulos e descrições das páginas, textos complementares aos vídeos, dentre outros – foram construídos da maneira mais acessível possível, usando dos termos e construções frasais do debate público. Além de tornar o texto de fácil compreensão. Isto fez parte da estratégia de otimização para mecanismos de busca (SEO), com objetivo de chegar a mais pessoas.

Concomitantemente, foi criado o canal no Youtube com meu nome, focado na população geral, que respondia perguntas como: porque é necessário evitar aglomerações; vacinas contra o coronavírus: o que você precisa saber e é eficaz lavar as mãos sem água encanada? Além de questionamentos sobre a falta de diretrizes para a população mais vulnerabilizada.

Divulgado através de disparos no WhatsApp e boca-a-boca, a iniciativa foi muito bem recebida, com mais de 22.000 acessos e 10.000 visitantes no site e 3.600 visualizações no Youtube, num total de 166 horas de conteúdo assistido, todos no primeiro mês da iniciativa.

Para além das publicações no site e no Youtube, concedi entrevistas; fiz palestras; participei de lives e de programas de TV e de rádio; gravei vídeos e áudios para a mídia, totalizando 158, em 2020, e 208, em 2021.

Desenvolvi o Protocolo Sanitário para as escolas particulares, filiadas ao Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado do Maranhão (SINEPE/MA), em 2020, atualizado em 2021 e em 2022. O pioneirismo no país das escolas da rede privada do Maranhão de reiniciarem as aulas em formato híbrido (presencial e remoto), em agosto de 2020, seguindo um protocolo sanitário, garantiu esse retorno com segurança.

Muito tem se lamentado que as escolas públicas brasileiras tenham permanecido fechadas durante dois anos. Fato que teve várias consequências nocivas como evasão escolar e baixa aprendizagem. Além da escola possuir um papel de proteção social, inclusive sobre a insegurança alimentar. Em um país com enorme desigualdade social, o acesso à educação é essencial para a mobilidade social ascendente.

A exclusão digital é um problema que afeta grande parte da população brasileira. O acesso à internet é de baixa qualidade e limitado à capacidade de compra do serviço pela população pobre. Muitas famílias têm apenas um aparelho eletrônico, em geral, um celular, compartilhado por vários membros da família. Assim, muitas vezes, uma mãe era obrigada a escolher qual dos filhos iria assistir aula online. Mesmo entre os estudantes universitários de instituições públicas ou privadas, as aulas eram assistidas pelo aparelho celular.

No caso da disciplina de Doenças Infecciosas e Parasitárias que eu leciono para os alunos do sétimo período do curso de Medicina da UFMA, nós retomamos as aulas práticas presenciais em ambulatórios e hospitais, no segundo semestre de 2021. Todas as professoras já tinham recebido três doses da vacina contra COVID-19 e os alunos, pelo menos, duas.

A criação do site repercutiu no portal da UFMA, na TV Difusora, na página do Jornal do Estado do Maranhão e no site Agenda Maranhão.

O reconhecimento pelo trabalho levou à minha participação em uma live com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e os médicos, Drauzio Varela e Henrique Mandetta – ex-ministro da Saúde, em 11 de julho de 2020. Em 18 de novembro de 2020, participei como conferencista do XXIII Congresso Internacional de Direito Constitucional. Sistema Único de Saúde e Federalismo Cooperativo. 2020.

O maior impacto do site foi em 2020. A partir de 2021 tivemos mais dificuldades para atualizá-lo, já que não temos financiamento. Por outro lado, houve aumento das minhas participações em entrevistas, palestras, lives, programas de TV e de rádio, gravações de vídeos e áudios para a mídia, totalizando 158, em 2020, e 208, em 2021, como já disse anteriormente. Sigo recebendo convites para dar palestras para escolas, órgãos públicos e o público geral, além das entrevistas, vídeos e podcasts solicitados pela imprensa.

Concluindo, durante a pandemia de COVID-19, como já descrito, eu tive um papel social muito importante, o que levou ao reconhecimento não só do meu papel como médica infectologista, professora e pesquisadora, mas, também, da UFMA como instituição de ensino e pesquisa.

A minha atuação ganhou mais relevância devido à ausência de política de comunicação nas três esferas públicas de poder: municipal, estadual e federal. Nas últimas décadas, no Brasil, a comunicação tem sido usada, de forma personalista, para promover os gestores – políticos, deixando vazios nas políticas públicas de comunicação em educação e saúde.

Vários professores da UFMA tiveram contribuição relevante na pandemia não só na área de pesquisa, mas na comunicação social, com protagonismo nacional, a exemplo do professor Antônio Augusto Moura da Silva.

Homenagens e prêmios

Em 16 de abril de 2020, pelo trabalho na pandemia de COVID-19, recebi a seguinte mensagem do professor emérito da UFMA, Agostinho Ramalho Marques Neto: “Você está fazendo um trabalho importantíssimo, de imensa dignidade, esclarecimento e alcance social. É o exercício da Medicina no que ela tem de mais nobre. Com a minha viva admiração”. Encaminhei essa mensagem para minha irmã, Maria do Socorro Freitas Carvalho Branco, que foi aluna dele. A resposta dela: “Que maravilha, que honra. Ele já era muito atraente, e sempre foi e será um homem sábio e digno, como se imagina que foi Sócrates”.

Camila Carvalho de Souza Amorim Matos na sua apresentação no texto de qualificação de tese de doutoramento, apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, defendido em 10 de novembro de 2021, escreveu:

“Bolsista da Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS/UFMA) por alguns anos durante a graduação, assim consegui minhas primeiras autorias de livro e material didático. Mas, sobretudo, foi assim que descobri um universo quase paralelo à medicina fragmentada e subespecializada que as faculdades de medicina oferecem. Simultaneamente, as doenças infectocontagiosas e sua prevenção sempre me acompanharam, tornando-se o tema da minha monografia da graduação, sob a orientação da Professora Dra. Maria dos Remédios Carvalho Branco, professora infectologista e vinculada ao PPG Saúde Coletiva/UFMA. A cito nominalmente para frisar que foi ela uma das grandes incentivadoras da minha carreira acadêmica”.

Denise Ailine Monteiro Lopes, aluna cabo-verdiana do PEC-G (Programa de Estudantes – Convênio de Graduação), nos agradecimentos de sua monografia de conclusão do curso de Medicina, orientada por mim e defendida em 6 de dezembro de 2021, escreveu:

“Por fim, e para conferir destaque, à professora Dra. Maria dos Remédios, cujo saber científico e paciência no decorrer deste trabalho supriram amplamente as minhas limitações. Sempre à disposição para reuniões, paciente e compreensiva, revela uma cientista incansável e uma professora que vive para o ensino. Minha admiração e minha gratidão! A senhora é um exemplo de vida e de ciência para todos nós”.

Durante a arguição de Denise, a professora Jacira do Nascimento Serra, coordenadora do curso de Medicina, se emocionou ao ler esse trecho dos agradecimentos.

Recebi um prêmio da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), em 11 de dezembro de 2020, em “Reconhecimento do empenho e compromisso com a luta em defesa da vida contra a pandemia da COVID-19”.

Em março de 2021, recebi o reconhecimento da Fundação Lemann na campanha “Toda mulher é uma potência”, que conta 18 histórias de mulheres e sua atuação durante a pandemia de COVID-19 no Brasil.

Em 10 de dezembro de 2021, recebi nova homenagem da SMDH que me elegeu pelo segundo ano consecutivo para receber a medalha de mérito concedida àqueles que no ano de 2021 tiveram destaque na defesa da vida.

Minhas contribuições pessoais

Na minha carreira na UFMA sempre me destaquei nas atividades de ensino, especialmente na disciplina de Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP) para os alunos do curso de Medicina.

Em quase todos os semestres fazemos avaliação e os alunos sempre dizem que a DIP é a “melhor disciplina do curso”.

Ambas as disciplinas que ministro em programas de pós-graduação são bem avaliadas pelos alunos: Epidemiologia, para o Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PPGSA) – UFMA, e Epidemiologia das Doenças Transmissíveis, no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC) – UFMA.

Realmente eu gosto muito de dar aulas, sejam teóricas ou práticas.

Desde os tempos de estudante de Medicina já gostava de trabalhar com pesquisa. Então, desde o começo da minha carreira como docente, eu sempre trabalhei com pesquisa e orientação de alunos. Gosto muito dessas atividades.

Em 25 de fevereiro de 2022, pesquisei o currículo Lattes dos alunos que foram orientados por mim em trabalho de conclusão de curso, iniciação científica, mestrado ou doutorado.
Estão listados, a seguir, aqueles que continuaram/seguiram a carreira de docente, trabalham no Hospital Universitário da UFMA (HUUFMA) ou na UFMA ou como preceptor de residência médica.

Catorze alunos orientados por mim continuaram/seguiram a carreira de docente.

  1. Adriana Soraya Araújo http://lattes.cnpq.br/7826720461138027
  2. Ana Patrícia Barros Câmara http://lattes.cnpq.br/7718058920700112
  3. Anne Karine Martins Assunção http://lattes.cnpq.br/2521444232857384
  4. Antônia Iracilda e Silva Viana http://lattes.cnpq.br/9011900299470715
  5. Camila Carvalho de Souza Amorim Matos http://lattes.cnpq.br/6148962185577436
  6. Dyego Bruno Sena Lima http://lattes.cnpq.br/7274987730501408
  7. Emile Danielly Amorim Pereira http://lattes.cnpq.br/1092977354203242
  8. Emnielle Pinto Borges Moreira http://lattes.cnpq.br/6750997997845335
  9. Felipe Brayon de Paiva Ericeira http://lattes.cnpq.br/4802925051758046
  10. Flávia Regina Vieira da Costa http://lattes.cnpq.br/4290220804618976
  11. Gilnara Fontinelle Silva http://lattes.cnpq.br/1695345101149463
  12. José de Jesus Dias Júnior http://lattes.cnpq.br/2844215134299651
  13. Shirley Virino Silveira http://lattes.cnpq.br/0083220308741112
  14. Vicente Lopes Monte Neto http://lattes.cnpq.br/3206068599922748

Oito alunos que foram orientados por mim trabalham no HUUFMA ou na UFMA.

  1. Gaudencio Barbosa Junior http://lattes.cnpq.br/0244055083557202
  2. Guilherme Nunes do Rêgo e Silva http://lattes.cnpq.br/9380011814147665
  3. João Paulo Lobo Brandão http://lattes.cnpq.br/9065244975823145
  4. José Mauro Carneiro Fernandes http://lattes.cnpq.br/0986843329009115
  5. Sabrina de Oliveira Linhares http://lattes.cnpq.br/2355543035930863
  6. Sterffeson Lamare Lucena de Abreu http://lattes.cnpq.br/3271025055518390
  7. Suênia Vedoato Almeida Saraiva http://lattes.cnpq.br/7866712962991728
  8. Taliane Jardim Lima http://lattes.cnpq.br/1555967987860572

Um aluno que foi orientado por mim trabalha como preceptor de Residência Médica em um hospital da Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão.

  1. Aden Luigi Castro Testi http://lattes.cnpq.br/0965872032881012

Nove alunos, que foram orientados por mim, continuam trabalhando comigo em projetos de pesquisa.

  1.  Adriana Soraya Araújo http://lattes.cnpq.br/7826720461138027
  2. Ana Patrícia Barros Câmara http://lattes.cnpq.br/7718058920700112
  3. Andressa Rocha Pereira http://lattes.cnpq.br/0133273684214552
  4. Denise Ailine Monteiro Lopes http://lattes.cnpq.br/8361486232853197
  5. José de Jesus Dias Júnior http://lattes.cnpq.br/2844215134299651
  6. Lidmar Costa Lima Júnior http://lattes.cnpq.br/0015569411238812
  7. Silmery da Silva Brito Costa http://lattes.cnpq.br/0542819211562518
  8. Thiago de Sousa Santos http://lattes.cnpq.br/3436721139710579
  9. Vanessa Vieira Pinheiro http://lattes.cnpq.br/9044507247974646

Três alunos que eu oriento atualmente são professores.

  1. Ariane Luz Carvalho http://lattes.cnpq.br/7207988179425544
  2. Emile Danielly Amorim Pereira http://lattes.cnpq.br/1092977354203242
  3. Flávio Donalwan Sá Maximino http://lattes.cnpq.br/4553180507139665

Destaco a parceria que sempre tive com as Vigilâncias Epidemiológicas da Secretaria Municipal de Saúde de São Luís, da Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão e do Ministério da Saúde, como descrevi anteriormente neste memorial.

Outra importante contribuição pessoal durante a minha carreira de docente foi a relação com a imprensa, sempre tentando me expressar da forma mais objetiva possível para que a população em geral entendesse aquele tema por mais técnico que ele fosse, como já explicitado anteriormente neste memorial quando falei das pandemias de AIDS e de COVID-19. A minha contribuição na pandemia de COVID-19, através da imprensa, das mídias sociais e das lives, teve um grande alcance social.

Reconheço, sem exagero, que essa exposição me transformou numa celebridade. No meu cotidiano, as pessoas me encontram e falam comigo como se eu as conhecesse. Elas se aproximam, nem se apresentam e começam a falar comigo e a fazer perguntas. Algumas pessoas correm atrás de mim para me perguntarem se eu sou a médica da televisão.

Várias pessoas demonstram a satisfação de falar pessoalmente com uma celebridade. Outras não me cobram por um serviço prestado, alegando que eu já faço um trabalho muito importante na pandemia. Sentem satisfação em retribuir de alguma forma. Infelizmente, há quem fale sobre mim para outras pessoas na minha presença como se eu não estivesse presente, como se eu fosse apenas um objeto.

Muitas me parabenizam e me agradecem pelo serviço que tenho prestado. Em 4 de março de 2022 fui ao lançamento do livro Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios: Tricentenário da Devoção à Virgem, de Maria de Lourdes Lauande Lacroix, historiadora e professora aposentada da UFMA e da UEMA. Estando lá, Flavio Antônio Moura Reis, historiador, professor da UFMA, meu contemporâneo de movimento estudantil na UFMA, se aproximou de mim para enfaticamente me agradecer sobre o meu trabalho na pandemia de COVID-19.

Recentemente alguém perguntou para um familiar, de 12 anos de idade, o que ele gostaria de ser e o menino respondeu: – “Médico infectologista”. Provavelmente isso se deve à admiração que ele tem por mim.

Em 19 de março de 2022, uma funcionária de serviços gerais de um supermercado de São Luís, se aproximou de mim e disse: “Meu sonho era lhe conhecer. A infectologista mais inteligente daqui”. Eu sorri e agradeci. Em seguida, ela se afastou. Parecia que ela estava emocionada.

Embora tenha me tornado uma celebridade, principalmente por conta das aparições nos canais abertos de televisão, continuo com o mesmo comportamento – tímida e reservada. Não fiquei deslumbrada com a popularidade. Por outro lado, reconheço que essa superexposição acabou me levando a mudar muito. Eu me tornei mais assertiva e segura, também em consequência do acompanhamento psicológico que venho fazendo desde junho de 2020.

No início deste ano, as assessorias de dois pré-candidatos de esquerda – um a deputado estadual e outro a deputado federal – me pediram para participar da campanha deles.

Se eu quisesse aproveitar essa popularidade para me candidatar a deputada estadual nas eleições deste ano, talvez tivesse uma votação razoável. O problema é que me falta vocação para a carreira política.

Projetos de Pesquisa e Produções

Acesse o Lattes para ver a lista atualizada.

Importância da minha pesquisa para a saúde pública

Ao longo de minha carreira, participei de pesquisas sobre arboviroses (dengue, chikungunya e Zika), cromoblastomicose, malária, leishmanioses, tuberculose, HIV/AIDS, toxoplasmose, beribéri, vacinação, infecção hospitalar e resíduos sólidos.

A partir do surto de beribéri, ocorrido em 2006, no Maranhão, comecei a pesquisar sobre essa doença, cuja ocorrência está relacionada à pobreza e à insegurança alimentar.

Coordenei de 2018 a 2019 o projeto Análise dos casos de beribéri notificados no Brasil com o uso de geoprocessamento, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. Esse projeto gerou duas monografias de conclusão de curso de Medicina e uma bolsa de PIBIC durante dois anos, além de uma tese de doutorado concluída e outra em andamento.

A partir de 2015, comecei a incorporar análise espacial nas pesquisas sobre dengue, tuberculose, HIV/AIDS, beribéri, chikungunya, Zika e toxoplasmose.

Desde 2020, coordeno dois projetos de pesquisa sobre síndrome respiratória aguda grave e COVID-19: 1) Análise espaço-temporal dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave e de COVID-19 no Brasil, financiado pelo CNPq; e 2) Análise espaço-temporal dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave e COVID-19 no Maranhão, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – FAPEMA. Esses projetos já produziram quatro monografias de conclusão de curso de Medicina, uma dissertação de mestrado (em andamento) e três teses de doutorado (em andamento).

Nesse contexto, considero os quatro artigos citados, a seguir, os mais importantes dos últimos oito anos da minha produção científica, tanto pelo número de vezes em que foram citados, quanto pela relevância dos temas que abordam:

SANTOS, A. M.; SOUZA, B. F.; CARVALHO, C. A.; CAMPOS, M. A. G.; OLIVEIRA, B. L. C. A.; DINIZ, E. M.; BRANCO, M. R. F. C.; QUEIROZ, R. C. S.; CARVALHO, V. A.; ARAÚJO, W. R. M.; SILVA, A. A. M. Excess deaths from all causes and by COVID-19 in Brazil in 2020. REVISTA DE SAÚDE PÚBLICA, v. 55, p. 71, 2021.

VISSOCI, J. R. N.; ROCHA, T. A. H.; SILVA, N. C.; QUEIROZ, R. C. S.; THOMAZ, E. B. A. F.; AMARAL, P. V. M.; LEIN, A.; BRANCO, M. R. F. C.; AQUINO JUNIOR, J.; Rodrigues Z.M.R; SILVA, A. A. M.; STATON, C. Zika virus infection and microcephaly: evidence regarding geospatial associations. PLoS Neglected Tropical Diseases, v. 12, p. e0006392, 2018.

SILVA, A. A. M.; GANZ, J. S. S.; SOUSA, P. S.; DORIQUI, M. J. R.; RIBEIRO, M. R. C.; C.; QUEIROZ, R. C. S.; PACHECO, M. J. T.; COSTA, F. R. V.; SILVA, F. S.; SIMOES, V. M. F.; PACHECO, M. A. B.; LAMY FILHO, F.; LAMY, Z. C.; BRITO, M. T. S. S. A. Early Growth and Neurologic Outcomes of Infants with Probable Congenital Zika Virus Syndrome. EMERGING INFECTIOUS DISEASES (ONLINE), v. 22, p. 1953-1956, 2016.
BRANCO, M. R. F. C.; LUNA, E. J. A.; BRAGA JUNIOR, L. L.; OLIVEIRA, R. V. B.; RIOS, L. T. L.; SILVA, M. S.; L.; SILVA, G. F.; Nina FCAF; LIMA, T. J.; BRITO, J. A.; OLIVEIRA, A. C. C.; PANNUTI, C. S. Risk Factors Associated with Death in Brazilian Children with Severe Dengue: A Case-Control Study. CLINICS, v. 69, p. 55-60, 2014.

Gestão

Na UFMA, eu participo do Núcleo Docente Estruturante do Curso de Medicina como representante do Departamento de Patologia desde 28 de janeiro de 2016; e do Colegiado do Curso de Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva desde 10 de julho de 2020.

Sou presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical – Regional do Maranhão desde 13 de março de 2013.

Como é possível perceber, o ponto fraco da minha carreira é a gestão. Trata-se de atividade que eu não aprecio. Gosto de dar aulas, orientar alunos e fazer pesquisa.

Perspectivas futuras

Pretendo continuar com as atividades que já venho exercendo: dar aulas, orientar alunos e fazer pesquisa.

Tenho intenção de aumentar as relações com outros grupos de pesquisa, inclusive internacionais, especialmente, para oportunizar estágios para alunos de graduação e de pós-graduação.

Em relação à imprensa e a outras instituições, devo manter a parceria, sempre que possível me disponibilizando para os esclarecimentos necessários.

No segundo semestre de 2021, depois de muitos anos ministrando aulas práticas da disciplina de Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP) para alunos do sétimo período do curso de Medicina, no ambulatório no Centro de Referência em Doenças Infecciosas e Parasitárias (CREDIP) do Departamento de Patologia da UFMA, voltei a dar essas aulas na enfermaria de DIP do Hospital Universitário Unidade Materno-Infantil (HUUMI) da UFMA.

Tenho ficado chocada com a dramaticidade das histórias dos pacientes internados no HUUMI. Por exemplo, AIDS congênita diagnosticada em um adolescente de 15 anos de idade; e uma menina de 11 anos de idade com AIDS, vítima de abuso sexual por familiares, durante os últimos quatro anos, pelo menos. Ambos vivem em situação de extrema pobreza, em povoados do interior do Maranhão.

Confesso que diante destes casos, tenho pensado em colaborar com organismos internacionais que tenham políticas para melhorar a vida desse tipo de população mais vulnerabilizada.