Resumo
Fundamento:
O infarto agudo do miocárdio (IAM) é a principal causa de óbito no Brasil e no mundo. Aproximadamente metade dos óbitos ocorrem fora do ambiente hospitalar.
Objetivos:
Analisar a distribuição, a evolução temporal e as características sociodemográficas (CSD) dos óbitos intra e extra-hospitalares por IAM nas capitais brasileiras e a sua relação com indicadores municipais de desenvolvimento (IMD).
Métodos:
Estudo ecológico com contagem anual dos óbitos por IAM nas 27 capitais brasileiras de 2007 a 2016, os quais foram divididos em dois grupos, intra-hospitalar (H) e extra-hospitalar (EH). Avaliou-se a evolução temporal das taxas de mortalidade em cada grupo e as diferenças das CSD. Modelos de regressão binominal negativa compararam temporalmente a contagem de óbitos em cada grupo com as seguintes variáveis: residir nas regiões Sul e Sudeste (S/SE), índice de desenvolvimento humano municipal (IDHM), índice de Gini e expectativa de anos de estudo (EAE). Considerou-se estatisticamente valores significativos de p < 0,05.
Resultados:
A taxa de mortalidade EH para o conjunto das capitais aumentou ao longo do tempo. Todas as CSD pesquisadas foram difententes entre os grupos (p < 0,001). No grupo EH prevaleceram os óbitos em homens, em pacientes ≥ 80 anos e em solteiros. O S/SE elevou a incidência de óbitos extra-hospitalares (IRR = 2,84; IC 95% = 1,67-4,85), enquanto o maior EAE registrou queda (IRR = 0,86; IC 95% = 0,77-0,97). Para o grupo H, o maior IDHM reduziu a incidência de óbitos (IRR = 0,44; IC 95% = 0,33-0,58), enquanto o maior EAE apresentou crescimento (IRR = 1,09; IC 95% = 1,03-1,15).
Conclusão:
Os óbitos intra e extra-hospitalares por IAM nas capitais apresentam diferenças sociodemográficas, incidência influenciada por IMD e progressivo aumento da ocorrência extra-hospitalar.