Um comunicado no Cadernos de Saúde Pública levanta a hipótese, que começa a discutida entre especialistas, que o aumento no número de hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) serve como indicador do crescimento nos casos de COVID-19.

A pesquisa analisou as hospitalizações por SRAG de 2010 a 2019 e comparou com o número de hospitalizações em 2020, em busca de discrepâncias ou aumentos que possam indicar a validade da hipótese.

Chama atenção o aumento no número de casos negativos, aqueles que se sabe não serem nenhuma das principais viroses respiratórias – Influenza A e B, o vírus sincicial respiratório (VSR), Adenovírus e Parainfluenza 1, 2 e 3.

Em 2020, 91% dos casos de SRAG foi negativo para todas as viroses acima, o que reforça a hipótese que a COVID-19 está sendo detectada pelo sistema de vigilância da SRAG.

Em 2020, a hospitalização por SRAG desde a detecção do primeiro caso de COVID-19 no Brasil superou o observado, no mesmo período, em cada um dos 10 anos anteriores, mesmo com o reconhecido atraso de notificação existente.

COVID-19 e hospitalizações por SRAG no Brasil: uma comparação até a 12ª semana epidemiológica de 2020Cadernos de Saúde Pública, Abril de 2020

De acordo com os autores, esse aumento do número de hospitalizações condiz com a hipótese que o novo Coronavírus já estava sendo identificado no Brasil através do sistema de vigilância da Síndrome Respiratória Aguda Grave.

O comunicado ressalta ainda que a COVID-19 chegou ao país em um momento do ano que, em geral, a atividade dos vírus respiratórios é baixa, e que, por este motivo, o aumento nas hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave chama ainda mais a atenção.

Os autores do artigo são: Leonardo Soares Bastos, Roberta Pereira Niquini, Raquel Martins Lana, Daniel A. M. Villela, Oswaldo G. Cruz, Flávio C. Coelho, Claudia T. Codeço, e Marcelo F. C. Gomes.

Maíra Carvalho

Maíra Carvalho

Consultora de comunicação digital.

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